"Salvador 1997", croqui de Hans Putter. Brazilië: laboratorium van architectuur en stedenbouw. Rotterdam, Nai Uitgevers, 1998, Paul Meurs e Esther Agricola (org)
Entrevista com Paul Meurs
Heitor Frúgoli Jr & Marcos Cartum
Talvez tenha nascido com a Escola de Chicago, nos anos 20, a idéia de que a cidade constitui um importante "laboratório social", a partir do qual é possível compreender mais claramente uma série de práticas culturais, em seus distintos territórios.
O arquiteto holandês Paul Meurs, cujo interesse pelo Brasil nasceu ao final dos anos 80, intensificando-se a partir de então, tem pesquisado e escrito vários artigos sobre as cidades brasileiras, o que colaborou para que um conjunto de profissionais da área de arquitetura e urbanismo da Holanda quisessem conhecer tal realidade mais de perto.
Em meio às várias atividades organizadas por Paul Meurs, iniciaram-se a partir de 1995 viagens regulares a grandes centros urbanos brasileiros por arquitetos, planejadores, ecologistas e outros. Dentre os resultados de tal intercâmbio, destaca-se aqui o livro organizado por ele e Esther Agricola, intitulado Brazilië: laboratorium van architectuur en stedenbouw (Brasil: laboratório de arquitetura e urbanismo), publicado em 1998, que reúne impressões, análises e reflexões desses visitantes.
Assim, aspectos da realidade urbana e arquitetônica brasileira - sobretudo as marcas modernistas - são registrados nessas espécies de "expedições", propiciando, como num jogo de espelhos, uma reflexão sobre o presente e o futuro de cidades holandesas. Essa entrevista - realizada numa das várias vindas do autor ao Brasil -, procura reconstituir esse olhar, ao mesmo tempo que tenta, tomando carona nessa viagem, contemplar nossas próprias metrópoles com um certo olhar de estranhamento.
Vista do Rio de Janeiro com Museu de Niterói de Oscar Niemeyer em primeiro plano
Foto Paul Meurs