Tornar visível o invisível
No arquipélago de Galápagos, na ilha de San Cristóbal, esncontra-se Puerto Baquerizo Moreno; cidade-porto, assentamento humano e observatório natural, inserido em um território caracterizado por suas paisagens extraordinárias: patrimônio natural da humanidade.
Sua localização, sobre a Linha do Equador (Latitude Zero) além de suas características únicas de insolação, lhe confere uma posição de destaque no mapa mundial.
O desafio proposto pelo Concurso levou-nos a refletir que os caminhos para uma Galápagos sustentável supôem necessariamente, além das preocupações ambientais e de melhoria das condições de vida de seus habitantes, o fortalecimento de sua identidade, permitindo que a cidade ocupe seu lugar no cenário global.
Particularmente inspirados pela notável capacidade de transformação e geometrização do território exercida pelas civilizações americanas pré-colombianas, definimos nosso partido.
Pensamos em uma intervenção única: a inserção de um artefato urbano-geométrico, um quadrado de 1000 metros de lado, cuidadosamente encaixado sobre o contexto existente.
A partir da identificação das principais características do assentamento existente e de sua relação com a paisagem natural, buscamos reforçá-lo, torná-lo visível, revelando dessa forma sua geometria oculta.
Ao consolidar a geometrização (humanização) do território, a cidade adquire nitidez na paisagem e, consequentemente, uma forte inserção no novo panorama global.
Este elemento unificador deverá produzir os seguintes efeitos:
- diferenciar claramente o meio antrópico do natural: definir limites;
- atuar como um anel de contenção da mancha urbana;
- estabelecer uma relação mais franca entre o solo e a água (o mar e os canais);
- criar um passeio perimetral exclusivo para pedestres, atuando como elemento mediador entre o núcleo habitável, o Parque Nacional e o mar;
- organizar e ampliar a área útil da frente marítima;
- conectar os principais equipamentos urbanos.
Além de suas características simbólicas e espaciais, a intervenção proposta é essencialmente uma operação de infra-estrutura. No seu nível inferior há uma galeria linear de serviços urbanos (rede de distribuição de água e esgoto, rede elétrica, rede de dados, rede de telefonia etc), conectada aos principais equipamentos de infra-estrutura urbana (porto, estações de energia, reservatórios de água), bem como ruas de serviços e estacionamentos.
Esta operação contempla o crescimento da cidade para um futuro distante: mecaniza e prepara o território para uma ocupação densa e organizada. Transforma o interior do “Quadrado” em uma “grande área servida” capaz de assimilar e absorver a heterogeneidade e mutabilidade do ambiente construído.
Sugerimos ainda, a criação de cooperativas associadas a uma universidade livre e aberta, para o desenvolvimento das principais atividades produtivas locais, tais como sistemas construtivos, pesca artesanal, agricultura familiar, turismo etc.
Corte transversal 01
Imagem dos autores do projeto
Corte transversal 02
Imagem dos autores do projeto
Corte transversal 03
Imagem dos autores do projeto
Corte logitudinal 01
Imagem dos autores do projeto
ficha técnica
Andrade Morettin Arquitetos Associados
Arq. Vinicius Andrade e Arq. Marcelo Morettin
Colaboradores
Marcelo Maia Rosa, Márcio Tanaka, Marina Mermelstein, Merten Nefs, Renata Andrulis e Thiago Natal Duarte
Projeto
dezembro 2006
Local
Galápagos - Quito